Marco Antônio de Morais Alcantara
#Meiofísico #IntervençãoUrbana #Degradação
Tipos
de sistemas de interesse em geomorfologia
Este
assunto merece grande importância quando fazemos a seguinte interrogação: onde,
e como, eu estou intervindo? Quais poderiam ser as possíveis consequências do modo pelo
qual eu estou intervindo?
Neste sentido vale a pena
destacar a situação do meio físico como sendo a associação de sistemas, os
quais podem ter interdependência. Esta visão é apresentada em Christofoletti (1980),
da qual alguns conceitos serão explorados.
De acordo com o autor, um sistema
pode ser compreendido como sendo tanto um conjunto de elementos, como de suas
relações entre si, ou de seus atributos.
Um sistema na natureza pode ser
isolado, ou não isolado, caso ele troque ou não matéria e energia com os outros
sistemas. Um sistema de interesse em geomorfologia é um sistema aberto. Nestes,
normalmente se pode distinguir: matéria, energia e estrutura. Matéria é aquilo
que o sistema mobiliza, como a água e os detritos. Energia é aquilo que
movimenta o sistema, como a gravitacional, e, estrutura expressa relação de uns
elementos com outros.
No caso do sistema geomorfológico,
a vazão, a declividade, e a infiltração, podem apresentar relações entre si,
com correlações devidas a cada situação.
Quando se considera um conjunto de
atribuições físicas, tem-se um sistema morfológico, e estes, por sua vez, podem
também ser compreendidos como “sistemas em sequência”, ou, de “sistemas de processos
e respostas”.
Um sistema em sequência
compreende uma associação de subsistemas, possuindo atribuições espaciais e
geográficas, e que são dinamicamente relacionados por uma cascata de matéria ou
de energia. A saída de matéria ou de energia de um subsistema implica na
entrada deste para outro subsistema adjacente. Também, cada subsistema possui
mecanismos reguladores para controlar a entrada e saída de energia destes. Como
exemplos, pode-se citar a absorção d’água e a retenção desta pelo terreno,
dependentes da textura e estrutura do solo. Ainda, a vazão de um curso d’água
pode ser limitada pela declividade e pela rugosidade das paredes.
Estes tipos de sistemas são
apresentados a seguir, nas sessões seguintes, e alguns exemplos de Christofoletti
(1980) são oportunos para ser apresentados, pois eles podem fornecer
indicativos sobre os resultados decorrentes da intervenção urbana.
Sistema em sequência
Um exemplo de sistema em sequência é o
ciclo hidrológico. Podemos pensar na água que cai da atmosfera por
precipitação, e que incide sobre uma vertente. Esta poderá ser infiltrada e
alimentar os lençóis, o qual poderá alimentar as plantas, ou os rios por
escoamento sub superficial. A parte não infiltrada deverá se escoar pela
superfície e também alimentar os rios e os mares. A água poderá retornar para a
atmosfera por evaporação ou evapo transpiração. No caso, a existência de
mecanismos reguladores é quase desnecessária de ser apontada.
Sistema
em sequência
Sistema de
processos e respostas
Os sistemas de processos e respostas
têm características de sistemas em sequência e de sistemas morfológicos. Estes
possuem sistema de retroalimentação, os quais podem ser reguladores tanto no
sentido de se anular a ação que provocou a interferência, como de se reforçar
estas ações. Também, tanto se pode ter uma ação benéfica, como, do contrário, a
ação imposta pode conduzir o sistema a auto destruição. Alguns exemplos: Em se
aumentando a capacidade de infiltração de um terreno, pode-se, como consequência,
diminuir a densidade de drenagem, e em contra partida, haverá a diminuição da
declividade das vertentes, conduzindo ao aumento da capacidade de infiltração
do terreno, o que vem a reforçar a ação imposta inicialmente.
Outro exemplo de sistema, e de
auto regulação é este no sentido de se anular a ação: tem-se que, em se
aumentando o volume de água em um rio, neste caso, a velocidade da água irá
aumentar, visto que a vazão será maior e a seção transversal do canal ainda se conserva;
este aumento da velocidade da água poderá provocar a erosão das margens, e, com
o aumento da largura desta, a velocidade da água tenderá á diminuir, até que o
efeito seja negligenciado.
Sistema
de processos e respostas, caso de retro alimentação com auto-regulação
Finalmente,
como um exemplo de sistema autodestrutivo, tem-se o caso do desmatamento.
Diante do desmatamento, é diminuída a capacidade de infiltração do terreno.
Como consequência, têm-se o aumento do escoamento superficial, e por consequência,
o aumento do processo erosivo nas vertentes. O aumento da erosão nas vertentes
contribui para a nova diminuição do da capacidade de infiltração do terreno,
com o aumento do escoamento superficial e erosão até se chegar na rocha sã.
Sistema
de processos e respostas, caso de retro alimentação com auto-destruição
Bibliografia
Bibliografia
CHRISTOFOLETTI, A. Introdução à geomorfologia, São Paulo, Edgar Blücher, 1980, 200p.
Sobre o autor:Marco Antônio de Morais Alcantara é Engenheiro Civil formado pela Universidade Federal de São Carlos-BR, com ênfase em Engenharia Urbana (1986); Mestre em Engenharia Civil, área de concentração em Geotecnia, pela Universidade Federal de Viçosa-BR (1995); Master Génie Civil, Matériaux et Structures, pelo Institut National des Sciences Appliquées de Toulouse-FR (2001); Docteur Génie Civil, Matériaux et Structures, pelo Institut National des Sciences Appliquées de Toulouse-FR (2004); e tem pós-doutorado em Estruturas pela Universidade do Porto-PT (2012). É docente da FEIS/UNESP desde 1987.
Sobre o autor:Marco Antônio de Morais Alcantara é Engenheiro Civil formado pela Universidade Federal de São Carlos-BR, com ênfase em Engenharia Urbana (1986); Mestre em Engenharia Civil, área de concentração em Geotecnia, pela Universidade Federal de Viçosa-BR (1995); Master Génie Civil, Matériaux et Structures, pelo Institut National des Sciences Appliquées de Toulouse-FR (2001); Docteur Génie Civil, Matériaux et Structures, pelo Institut National des Sciences Appliquées de Toulouse-FR (2004); e tem pós-doutorado em Estruturas pela Universidade do Porto-PT (2012). É docente da FEIS/UNESP desde 1987.