O agronegócio sempre teve uma importância peculiar no desenvolvimento urbano do Brasil. Desde que ele passou a fixar o homem à terra, vem sendo um protagonista do desenvolvimento urbano, sob diferentes condições de fomentação. Por exemplo, pela sua natureza, e pelas necessidades, este tende a ser um agente influenciador tanto na concepção como na criação da infraestrutura dos transportes, tal como foi a implantação das ferrovias no tempo do café; ainda, requereu a criação de pequenas indústrias de apoio, as mesmas que foram preparando mão de obra especializada, que trabalhavam com a manipulação de metais em forjas; em decorrência, foi protagonista importante na arregimentação e na qualificação de mão de obra. Não se deve deixar ainda de considerar que o capital gerado pelo agronegócio, desde o século XIX, permitiu o financiamento das cidades onde ele se instalou, da cultura, e da indústria, com a qual conviveu parcialmente em rivalidade econômica, tendo sido a indústria, relevante, a partir de aproximadamente 1945. Nos dias atuais se vê algumas investidas do setor do agronegócio, podendo-se destacar ainda nuances que apontam para a reprodução do seu modelo, ou para as inovações que o modificam.
O agronegócio tem sempre buscado novas fronteiras. Esta característica pode ter um paralelo com outras culturas importantes que marcaram época, como, por exemplo, a do café. As razões podem ser particulares para casos específicos, mas no caso, esta cultura buscava novas terras. Deste fato, muitas cidades eram construídas, e foi basicamente dessa forma que se formou parte da rede urbana paulista, de leste para oeste. A cultura do café gerava riqueza, com a criação de bancos regionais, e se criava uma aristocracia, interventores no desenvolvimento regional. Por onde o café passava, muitas vezes a atividade regional era muitas vezes substituída pela criação do gado.
Nos dias atuais temos visto novas fronteiras agrícolas surgirem em regiões distantes do país, até diferentes daquelas que foram anteriormente consagradas para o agronegócio, tendo a soja, o milho e o algodão como protagonistas. Uma característica importante desses novos dias, é que se conta de antemão com grandes extensões de terra, planas, e muitas vezes são terras que são melhoradas quanto às suas condições de adequação ao plantio. Estas experiências têm sido bem sucedidas, com base na produtividade que elas tem apresentado. Desta forma, estados emergentes da federação, como os da região do MATOPIBA ( Mato Grosso, Tocantins, Piauí e Bahia), quanto ao setor do agronegócio, têm se rivalizado com estados de regiões tradicionais quanto a esse tipo de atividade econômica.
Outro fator relevante para a nova expansão do agronegócio, inclusive que contribuíram para a viabilização da expansão do agronegócio para regiões antes anteriormente inviáveis, é a utilização da tecnologia, como nos casos dos sistemas de irrigação, sejam a partir da canalização, alimentadas por açudes, ou sejam da captação adução a partir das águas subterrânea. Ainda, pode-se tirar partido das novas capacidades de adaptações das espécies, resultado de pesquisa em institutos agronômicos, permitindo a implantação de culturas que antes eram viáveis apenas para algumas regiões, e que hoje se permite explorá-las em outras regiões, de modo a permitir não só as suas sobrevivências, mas a maior rentabilidade com as safras.
O atual estágio do agronegócio permite uma atividade mais integrada com o ambiente, e menos predatória. O manejo com o solo se tornou um aspecto relevante; se pode também dominar melhor as técnicas de cultivos, de modo a se evitar a erosão e a perda de solos. Por outro lado, discute-se hoje o problema da contaminação de solos. Ainda, a mecanização agrícola deve ser vista com cuidados, pois afeta a física dos solos, com a compactação de solos. Isto leva a criação de know-how em casos específicos, como o cultivo nos cerrados.
Sob os pontos de vista da integração das atividades do agronegócio com a de outros setores, tais como o industrial, se considera que a demanda por máquinas e equipamentos agrícolas pode fomentar a indústria destes tipos de equipamento, em regiões industrializadas. Considerando os locais do agronegócio e a logística, isto pode promover a indústria da transformação no interior. A riqueza é então gerada para outros tipos de investimentos. Ainda se considera a agroindústria, que tem uma cadeia produtiva acoplada ao agronegócio.
Em algumas regiões, universidades tem amparado empresas que tem se lançado no high tech do agronegócio, gerando riquezas para os municípios.
Deve ser um alerta, de não se desindustrializar-se, considerando o custo de se manter industrializado hoje.
Aparentemente, o atual agronegócio requer uma demanda menor de trabalhadores, em face da mecanização; requer também melhor qualificação da mão de obra. Isto pode ser um motivo a mais para o desalojamento do cidadão do campo, o qual tende à migrar para a cidade, e, ao mesmo tempo, mão de obra da cidade, qualificada, se desloca para o campo, com formação, para monitorar máquinas.
Como dito, em cidades que tem o agronegócio como atividade predominante, fontes de emprego podem ser geradas, visto que, o agronegócio tem uma cadeia produtiva, e que envolve diversos setores. Primeiro, pode-se falar em fornecedores, como de equipamentos, sejam na fabricação como na comercialização. Também, se fala em agregação de valor aos produtos, produção de derivados. Pode-se pensar na produção de queijos, polpas, geleias, sucos, como indústria alimentar, assim como na produção de forrageiras, ração para alimentação de rebanhos.
Existem também os setores de comercialização dos produtos, e de distribuição. Inclusive, dado ao fato de que muitos dos centros produtores estão no interior do país, dinamizam-se os aeroportos, as transportadoras, e em casos mais relevantes têm surgido terminais multimodais, criando também serviços alfandegáreos. Se no passado a cultura do café incentivou a criação de ferrovias, para que a cultura tivesse acesso aos antigos portos, hoje, da mesma maneira, novas ferrovias têm sido criadas ou projetadas, com o intuito de unir portos secos aos portos marítimos, tanto das regiões do norte, nordeste, sul e sudeste.
Todo esse fomento tem sido realizado de modo a se permitir a maior competitividade do país frente aos outros países competidores, dentro de uma economia globalizada, e onde a atividade se instala, ela gera serviços, não somente diretamente relacionado ao cultivo, mas, como dito, dentro da cadeia produtiva, a qual pode envolver até a engenharia softwares, e de produtos e de construção.
Além dos casos de produtos que são commodities, como grãos, podem ser citados os casos de produção que são destinados às indústrias de biocombustíveis, e à produção de alimentos.
Com relação ao caso da produção de alimentos, pode se levar em conta alguns fatores, considerados importantes de se destacar, tais como, a geração de renda familiar aos que se dedicam ao ramo, e a formação de cooperativas, as quais promovem o fortalecimento das atividades; neste sentido, podem existir até consórcios que cultivam, alimentam sistemas de beneficiamento do produto, e até de exportação.
Desta forma, se alcança a sustentabilidade regional em regiões carentes, onde, não existem outros tipos de investimentos, que agregam maior valor, tais como o de grandes indústrias, ou de serviços especializados.