terça-feira, 24 de março de 2020

A PROBLEMÁTICA SOBRE A DISPONIBILIDADE E AS CONDIÇÕES DA ÁGUA PARA A SOCIEDADE




Marco Antônio de Morais Alcantara

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Uma questão que se coloca nos últimos tempos é sobre a disponibilidade da água para a sobrevivência da humanidade. Algumas observações podem ser colocadas quanto a esta questão, visto que sobre isso pesam diversas contingências. Em primeiro lugar podemos considerar a sua procedência de modo a se ter um montante disponível à sociedade humana. Os autores têm sido unânimes em apresentar a disponibilidade da água com base na sua movimentação através do ciclo hidrológico. A partir deste, podemos distinguir para utilização e consumo as águas superficiais e as águas subterrâneas, sejam de aquíferos livres ou confinados. Contudo, de modo geral, este montante disponível pode ser objeto de demandas diversas, tais como: populacional, de atendimento a diversos serviços e setores da sociedade, de reservas específicas, de navegação, produção de energia e outras.

A Figura 1 apresenta a movimentação da água através do ciclo hidrológico citado anteriormente.


Figura 1: Movimentação da água através do ciclo hidrológico

Considerando a primeira demanda, por um contingente populacional, uma problemática é apresentada quando se considera o montante de água disponível em uma região, país ou continente, e a sua população. Neste sentido, as populações de regiões áridas tendem a ser penalizadas. Neste contexto a própria sobrevivência humana passa a estar em risco, considerando a demanda diária para a alimentação, higiene e sustentabilidade por meio da agricultura, por exemplo. A complexidade da sociedade em desenvolvimento gera novas demandas, como da indústria e a produção de bens, que requerem água para o processamento; ainda, a agricultura como uma grande empresa, o agronegócio, requerendo água para irrigação. Estas demandas tendem a crescer. Mesmo o usuário também pode contribuir para o aumento desta demanda, através dos seus hábitos pessoais e familiares, de ordem estética, de higiene e de conforto.

A cidade concentra atividades e locais de utilidade pública, que serão pontos de demanda. Reservas são feitas para possíveis atuações como nos casos de incêndios. Uma sociedade desenvolvida necessita de oferta de energia suficiente para alimentar aparelhos elétricos, requerendo a construção de usinas hidroelétricas. Ainda, água superficiais são utilizadas para a navegação.

Situações conflitantes podem surgir quando se considera o uso da água dentro dos seus diversos objetos de interesse. Dentre estas podem ser apontadas a sua condição de sua apropriação. Populações carentes de água em regiões ricas em águas subterrâneas, ou, populações impedidas por seus meios disponíveis de captar água de poços, devido ao rebaixamento do lençol freático, por interferência da exploração de poços por parte de grandes empresas. Outros casos são de populações que não podem utilizar da água, por estarem estas impróprias para o consumo, comprometidas com produtos resultantes da atividade antrópica.

Dentro do ciclo hidrológico o retorno da água à natureza de modo geral pode se dar pela evaporação, pelo escoamento superficial, pelo escoamento subsuperficial, que alimenta rios e córregos (e tende para o mar); e pela evapotranspiração, através das plantas.

Do ponto de vista da sustentabilidade são consideradas as questões sobre o que é captado e como é que é devolvido aos mananciais. Neste sentido, considera-se sobre a parte retornável de uso doméstico, por exemplo, pode ser decomposta em uma parte pode ser utilizada para regar jardins, alimentando o solo e as plantas, enquanto que outra pode ser retornada com efluente de sistemas de esgoto. Considerando por exemplo o caso do agronegócio, é tomado em consideração a infiltração no solo, e a incorporação a este também de resíduos agrotóxicos.

Destaca-se aqui a preocupação de que a atividade antrópica pode impactar sobre a disponibilidade da água. A água devolvida ao meio físico ou ao corpo receptor não poderá ser reutilizada da forma como ela assim volta; as águas residuárias podem impactar o sistema onde elas são descartadas. Estas poderão conter matéria orgânica de origem natural, matéria orgânica processada, metais pesados, substâncias tóxicas, além de micro-organismos patogênicos.

Outros fatores que ainda contribuem para o comprometimento dos mananciais são os processos de erosão superficial, que vem a trazer a acumulação de resíduos aos cursos d’água, intervindo na sua turbidez.

Com respeito à água subterrânea, considera-se a preocupação de que os resíduos estão sujeitos à ter acesso ao lençol freático, vindo eles a contaminar ou de serem conduzidos pelo fluxo do escoamento subsuperficial aos corpos d’água superficiais.

Esta é a problemática dos dias atuais. Com o crescimento da população, da necessidade do crescimento econômico, e da aglomeração em metrópoles o problema vem a se agravar, tanto pela poluição do solo, como das águas residuárias, sendo desafios atuais para os estudos sobre a prevenção da poluição do solo e para o tratamento de águas residuárias, ou de outras fontes, como a do mar, dentro do contexto mais complexo que podemos pensar.



Referências bibliográficas de apoio

MIHELCIC, J.R; ZIMMERMAM, J.B. Engenharia Ambiental, fundamentos, Sustentabilidade e Projeto. Rio de Janeiro, 2012, LTC, 617p.

VESLIND, P. A; MORGAN, S.M. Introdução à Engenharia Ambiental, São Paulo, 2011, CENGAGE learning, 438p.

MASCARÓ, J.L. Desenho urbano e custos de urbanização. Porto Alegre, 1989, D.C. Luzzato, 175p.