Marco Antônio de Morais Alcantara
#InfraestruturaNoBrasil #DesenvolvimentoUrbano #EconomiaUrbana
A construção de infraestrutura no
Brasil merece uma atenção especial, havendo o destaque para alguns aspectos, tais como o
desenvolvimento de tecnologias apropriadas para as condições locais, a configuração do país, as necessidades ou demandas para o desenvolvimento, e a presença de um mercado consumidor que
remunerasse os sistemas; e, mesmo quanto ao caso do crescimento das demandas, este acarretava a necessidade de novos
investimentos. De algum modo se pode afirmar que este processo ainda não
terminou, perdurando até hoje, sujeito aos ajustes dos momentos históricos em que vivemos; mas, nesta
postagem o interesse se direciona preferencialmente para a criação da
infraestrutura tal como se deu como o ponto de partida para a formação de uma sociedade dita
moderna.
Com respeito à construção civil,
sabe-se que desde a colonização estiveram presentes construtores vindo de
Portugal, enviados pela coroa, com os objetivos de atuarem nas construções
importantes do país. Tecnologias locais foram desenvolvidas particularmente
para as obras de menor responsabilidade estrutural. Com respeito às grandes
construções no período da república, do crescimento e verticalização de cidades
como São Paulo, um grande desafio se fez, sobretudo para o aperfeiçoamento
dentro das áreas de fundações e de estruturas, para as construções de edifícios
altos. Técnicos nacionais se engajaram nas áreas relativas aos materiais,
estruturas e processos construtivos. Estava dando os primeiros passos aquilo
que é hoje a Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli), assim como o
Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT-SP).
Dentro da área do saneamento
básico algumas questões técnicas se impuseram, como a viabilidade do
aproveitamento de águas puras (a um grande custo), ou o tratamento de águas
residuárias do rio Tietê. Isto induziu ao aperfeiçoamento do tratamento das
águas no país e a assuntos de ordem política e econômica. O sistema induziu
também à outras questões importantes, como a da fabricação de tubos no país, e
também a energética, para os sistemas de adução. Estabeleceu-se alguns
sistemas de abastecimento em diversos municípios, típicos de
tarifa reduzida, e com baixa arrecadação. A baixa capitalização fizera com que
esse tipo de serviço fosse encampado pelo serviço público.
Do ponto de vista de formação e
qualificação profissional no país, o saneamento compreendeu três fases: a
primeira com a atividade artesanal e a presença da engenharia militar; a
segunda com a participação de profissionais brasileiros formados em instituições, e as
disciplinas de saneamento básico passaram a ser incorporadas nas escolas de
engenharia; e a terceira fase corresponde a da criação das companhias estaduais
de saneamento, a quais encampariam as empresas privadas.
Com respeito à infraestrutura
viária consta que, nos primórdios alguns caminhos foram abertos para o
interior, como por exemplo os de interesse às regiões de mineração e à bacia
platina, mas as estradas existentes eram precárias, em termos de largura,
drenagem e em capacidade de suporte. Com respeito à construção de rodovias
federais, são relevantes o domínio sobre a utilização de solos moles,
estabilização de solos, utilização de solos lateríticos e estabilidade de
taludes. Cumpre ressaltar as diferenças de comportamento tecnológicos entre os
solos de clima temperados, que era a tecnologia conhecida na época, com o dos solos
tropicais, cuja tecnologia seria desenvolvida no país por engenheiros nacionais. Desta
forma, engenheiros tiveram relevância como os da Escola de Minas de Ouro Preto,
do Instituto Nacional de Tecnologia do Rio de Janeiro, do IPT-SP e das escolas engenharia
do exército.
Com relação à urbanização e à
habitação considera-se que no início do século XX houve um grande crescimento
dessas demandas, sobretudo dos novos ricos, vindos do plantio do café, da
produção do leite e da industrialização que se iniciava no país. Ao longo do
século cidades foram estabelecidas com base em planos de urbanização, passou-se
a pensar em sistema viário e o uso do automóvel, assim como em iluminação
urbana e transporte. A vida urbana ganhava importância. Isto implicou em
aumento da demanda de energia, de modo a atender a todos esses consumos.
Com relação ao setor de energia
elétrica naquele tempo algumas questões também se esbarraram com relação ao
caráter público ou privado do setor, em particular sobre a capacidade de
investimentos pelo setor privado, a estagnação e a apropriação pelo governo
para a tomada dos serviços, para o estabelecimento das tarifas e para a tomada
de investimentos e a expansão dos sistemas.
As atividades de desenvolvimento em engenharia elétrica no Brasil contam com o ensino de engenharia elétrica e implantação de laboratório de testes na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.
Outro fator que contribuiu para o
aumento da demanda de energia no Brasil foi o setor industrial, que passou a
receber novas modalidades e que envolviam a produção de bens e materiais, em
particular para suprir setores de infraestrutura, em decorrência das políticas
de importação e mesmo do impedimento destas devido à ocorrência de guerras no
continente europeu. Desta forma, se empreenderam no país complexos de produção
de energia como hidroelétricas, e termo elétricas.
Referências
COTRIM, G. História global Brasil
e geral São Paulo, 2007, Saraiva, 608p.
FARIA, R.M; MIRANDA, M.L; CAMPOS,
H.G Estudos de História, São Paulo, 2010, F.T.D, 352p.
MOTOYAMA, S. Tecnologia e
industrialização no Brasil, São Paulo, 1994, UNESP/CEETEPS,
450 p.