segunda-feira, 29 de maio de 2017

AS TECNOLOGIAS E A MORFOLOGIA URBANA

Casa da Música Porto
Créditos: Marcelo Alcantara


Marco Antônio de Morais Alcantara

#TecnologiasCidades #TransformaçõesUrbanas 

A cidade tem sido alvo de intervenções diversas ao longo de sua história, em função das demandas que são criadas, conforme seus diversos momentos. Com o advento da cidade industrial, o mundo contemporâneo da época aspirou por cidades mais humanas e mais verdes, de modo que pudessem surgir as propostas das cidades jardins e as cidades zonificadas, que são apresentadas em Mausbach (1981), e ainda surgiu a elaboração da Carta de Atenas em 1933, preconizando um padrão para a sua concepção (Le Corbusier, 1971). O advento do automóvel justificou as preocupações com o disciplinamento sobre o fluxo dos veículos, a capacidade viária, assim como, a conciliação sobre os movimentos e deslocamentos, de modo a se diminuir os conflitos, e a se incrementar o desempenho do tráfego urbano.


Por outro lado, as inovações de tecnologia também podem jogar com a morfologia urbana, onde, o automóvel, que foi objeto de atenção após o surto de urbanização, permitiu com que as distâncias urbanas se tornassem menores, e mais acessíveis, e de modo que as pessoas conceberam a ideia de residir mais distante dos grandes centros, indo para os subúrbios, para experimentar melhor qualidade de vida. Desta maneira, os grandes centros urbanos passaram a exibir funções notadamente comerciais, e se, constituindo em espaços bastante democráticos e abertos aos diversos habitantes. Este processo contribuiu para a ruptura entre os espaços de habitação e os espaços comerciais.  Com a expansão urbana surgiu a criação de vias de tráfego rápido, e os corredores de acesso ao centro; e ainda, a implantação de terminais urbanos, assim como, os sistemas de transporte de passageiros permitiram o aumento de suas capacidades.

Um outro advento importante da tecnologia foi o advento da eletricidade. Conforme Mascaró (1989), este permitiu a substituição das energias provindas da utilização do gás e da tração animal, permitindo a elevação do número de pavimentos nas edificações com a utilização dos elevadores, o transporte coletivo foi dinamizado, e o conforto urbano, sendo, também um dos agentes modeladores da cidade. Com o aumento do índice de elevação, foi favorecida também a concentração das atividades nos centros urbanos.

Por outro lado, conduziu-se a degradação progressiva dos centros metropolitanos. Os problemas relacionados com a vocação e a degeneração dos antigos centros urbanos é um assunto de importância no urbanismo. A inadequação de edifícios antigos, a baixa valorização imobiliária, e a necessidade de grandes investimentos para a conservação dos imóveis, tem levado o mercado a negligencia-los, em favor da implantação de áreas mais nobres da cidade, assunto apontado já em Singer (1982).

Uma tendência do mercado imobiliário foi a de se expandir as atividades comerciais e empresariais para outras áreas nobres da cidade, com a criação de centros comerciais, shoppings, e de modo a se desconfinar as atividades de fomento, ou, de se esquecer das áreas mais antigas para a implantação de novos negócios. Aos centros antigos ficam o comércio varejista, antigas estações, museus, edifícios institucionais, e edifícios inventariados.

Se por um lado, a concentração de atividades ainda continua nas áreas mais tradicionais da cidade, a nova configuração criada pela expansão também induz a se conceber os sistemas de mobilidade urbana. 

Os centros antigos muitas vezes abrigam edifícios públicos de renome, de modo que um projeto de reurbanização pode englobar ações diversas, as quais podem ser empreitadas pelo poder público, ou em parceria deste com empresas privadas.

Com relação aos centros antigos, preocupações recentes têm surgido no sentido de revitalizar os centros urbanos, pois, se constituem em cartões postais das cidades, tanto em razão dos problemas contemporâneos como o controle sobre a violência, mas também em razão de se atrair investimentos. Em tempos recentes tem surgido a noção de “cidades para se viver”. Neste sentido, centros urbanos têm sido readequados com ações diversas, como: revitalização de edifícios e monumentos históricos, criação de paisagismo urbanos, criação de espaços de convivência (por exemplo pela revitalização de antigas estações), criação de ruas 24 horas, criação de espaços comerciais, e outras ações particulares.

Já no outro aspecto, o da expansão, um planejamento de mobilidade é feito de modo a se otimizar os deslocamentos. São relevantes a sinalização, os controladores de tráfego, a valorização de ícones urbanos.

Neste sentido, as tecnologias continuam sendo úteis para se viabilizar a construção urbana. A eletricidade e a luminotécnica vem sendo úteis no sentido de se modelar a cidades.  Ela pode ser útil para iluminar monumentos, edifícios históricos, realçando as sus fachadas; pode iluminar praças, logradouros e passeios oferendo maior sensação de segurança; assim como, vias públicas e vias expressas garantindo a sinalização e a orientação precisa.


Tecnologias recentes de iluminação têm contribuído para a eficiência dos sistemas, diminuindo custos de manutenção, assim como, a luminotécnica pode estar associada também ao paisagismo urbano, que tem sido também um campo bastante explorado na renovação urbana.  

Bibliografia

MASCARÓ, J.L. Desenho urbano e custos de urbanização. Porto Alegre, 1989, D.C Luzzatto, 175p.

MAUSBACH, H. Urbanismo contemporâneo. Lisboa, Presença, 1981.

SINGER, P. O uso do solo urbano na economia capitalista. In: MARICATO, Ermínio (org.) A produção capitalista da casa (e da cidade) no Brasil. São Paulo, 1982, Alfa Ômega, pd 21-36