Marco Antônio de Morais Alcantara
#DesenhoUrbano #FuncionalidadeDoDesenhoUrbano
A princípio, pode-se falar que o desenho urbano reflete várias características de uma população, em termos de organização política, social, econômica, podendo, também, ser influenciada por uma época em particular. Pode também refletir hábitos coletivos, e preferências. Estes aspectos é o que discutiremos a seguir.
O desenho urbano, os hábitos, e os modos sociais
As diversas sociedades, quando diferenciadas, passam a ter hábitos e necessidades particulares, os quais implicam em modos de sobrevivência. Aspectos culturais implicam no desenho urbano, em decorrência das relações entre o homem e o ambiente, e entre os seus compatriotas Considerando os exemplos clássicos apresentados em GOITIA (1981), as cidades nórdicas, ao longo da história, preferiam conciliar a cidade com o campo. A cidade grega era marcada pela vida política. Já a cidade latina era marcada pela presença de praças, de ambiente para negócios, e pela valorização de fachadas. Finalmente, a cidade árabe era marcada pela vida privada, mantendo em maior sigilo o seu interior, e com menor valorização de ruas e de fachadas.
O desenho urbano, as transformações sociais, e a cidadania
Ao longo do tempo, as diversas sociedades foram marcadas por transformações econômicas, sociais, e de organização, para a sobrevivência. Estas transformações implicaram em novas formas de se conceber o espaço físico, e de se formatar a sociedade e o ambiente construído. Sociedades engessadas implicavam em construções urbanas conferindo atribuições separatistas, dentro em um regime de tutelas; por outro lado, sociedades com maior mobilidade social implicavam em construções e espaços mais democráticos, com atribuições funcionais, responsabilidade social, e com a recente noção de cidadania.
O desenho urbano e a funcionalidade
O período da revolução industrial marcou quanto ao crescimento da demografia das cidades, gerando muitas disfunções urbanas, e o descontentamento, em razão das elevadas densidades habitacionais, condições precárias de salubridade .
Com a
preocupação de conciliar a cidade com o campo, Howard, na Inglaterra, propôs em
1898, o desenho de cidades denominadas por cidades jardins, onde, as habitações eram envolvidas por paisagismo e espaços livres. Cada núcleo deveria abrigar 32 000 habitantes, que trabalhariam
próximo às suas residências. A cidade tinha um "cinturão verde", para fins agrícolas. A subsistência de uma cidade jardim viria da produção agrícola e da riqueza da própria cidade.
Cidade
jardim.
Fonte MAUSBACH (1981)
-A
divisão de cidades em zonas específicas como de trabalho, lazer, residencial, e
industrial.
-As
zonas residenciais deveriam ser envolvidas por áreas verdes.
-A
densidade urbana deveria ser diminuída, com a construção de superfícies livres
e com a utilização de edifícios de múltiplos andares.
-Conciliação
entre as vias para automóveis e as vias para ciclistas e pedestres.
-Solução
para os problemas de vias e de estacionamento com a criação de áreas..
-As zonas residenciais deveriam ser concebidas como espaços fechados aos seus usuários.
Cidade conforme Le Corbusier.
Fonte
MAUSBACH (1981)
A cidade passa então a ser concebida de modo a ser funcional.
O desenho urbano e o indivíduo no contexto social
A desenho urbano, quando explorado em suas funcionalidades, pode implicar também na manipulação do tipo de tipologia habitacional, conciliando-se com o sistema viário, e na disposição de áreas institucionais, centros comerciais, áreas verdes e áreas de lazer. LE CORBUSIER (1971) apresenta o conceito revolucionário na época, e que tem sido bastante reproduzido no mundo ocidental: a ruptura do quarteirão. as figuras seguinte ilustram os conceitos propostos pelo urbanista.
Opção ao parcelamento diferenciado com relação ao tradicional, para uma mesma área, conforme Le Corbusier.
Fonte: LE CORBUSIER (1971)
Isto pode também implicar em aspectos de coletividade, ou de individualidade no espaço construído.
Enquanto que uma proposta que considera lotes individualizados, e habitações isoladas, esta proposta permite, em certa maneira, um certo grau de individualidade do morador; outras propostas, tais como a utilização de edifícios de múltiplos andares, e áreas comuns de convivência, tendem a criar maior dependência entre os moradores, gerando a criação de condomínios, e a necessidade contra partidas entre os moradores, além de requerer determinado grau de empatia entre os moradores, tanto diante dos assuntos de gestão do condomínio, como da vida comum a ser compartilhada em certo grau. .
Bibliografia
GOITIA, Fernando Chueca. Breve história do urbanismo. Coleção
Dimensões, Martins Fontes, Presença, Lisboa, São Paulo; 1ª edição, 1982.
LE CORBUSIER. Planejamento Urbano. São Paulo , 1971, Perspectiva, 203p.
MAUSBACH Hans. Urbanismo contemporâneo. Lisboa, Presença, 1981.
Sobre o autor:
Marco Antônio de Morais Alcantara é Engenheiro Civil formado pela Universidade Federal de São Carlos-BR, com ênfase em Engenharia Urbana (1986); Mestre em Engenharia Civil, área de concentração em Geotecnia, pela Universidade Federal de Viçosa-BR (1995); Master Génie Civil, Matériaux et Structures, pelo Institut National des Sciences Appliquées de Toulouse-FR (2001); Docteur Génie Civil, Matériaux et Structures, pelo Institut National des Sciences Appliquées de Toulouse-FR (2004); e tem pós-doutorado em Estruturas pela Universidade do Porto-PT (2012). É docente da FEIS/UNESP desde 1987.
MAUSBACH Hans. Urbanismo contemporâneo. Lisboa, Presença, 1981.
Sobre o autor:
Marco Antônio de Morais Alcantara é Engenheiro Civil formado pela Universidade Federal de São Carlos-BR, com ênfase em Engenharia Urbana (1986); Mestre em Engenharia Civil, área de concentração em Geotecnia, pela Universidade Federal de Viçosa-BR (1995); Master Génie Civil, Matériaux et Structures, pelo Institut National des Sciences Appliquées de Toulouse-FR (2001); Docteur Génie Civil, Matériaux et Structures, pelo Institut National des Sciences Appliquées de Toulouse-FR (2004); e tem pós-doutorado em Estruturas pela Universidade do Porto-PT (2012). É docente da FEIS/UNESP desde 1987.