terça-feira, 4 de outubro de 2022

ENGENHARIA: A ARTE DE FAZER, CONTINGÊNCIAS ATUAIS, E AS PERSPECTIVAS PARA O FUTURO

 

Marco Antônio de Morais Alcantara

A história da tecnologia começa com o próprio homem. Podemos compreender no homem um ser capaz de fazer a leitura do contexto que está à sua volta, e de buscar soluções de modo a se conciliar com o seu ambiente. Nesse artigo, procuraremos apresentar a evolução histórica da tecnologia, e das perspectivas.

 

Uma reflexão sobre o começo de tudo

Diferentemente dos demais animais, algumas coisas vieram à maneira peculiar do homem em se organizar.

Dentre estas peculiaridades, cita-se à fixação à terra, e a exploração dos recursos provenientes dela. Algumas referências são clássicas para ilustrar o desenvolvimento do homem, tais como a descoberta do fogo, da percepção da moldagem, da concepção da roda, da alavanca e de outros equipamentos.

Disto, o homem pôde então cozer os seus alimentos, produzir a climatização diante do frio, se defender dos animais ferozes, manipular os materiais, e outras coisas de modo a ter a capacidade de se perpetuar, utilizando da sua racionalidade.

Surge a fixação à terra, a organização física no espaço, a intervenção à sua volta, com a domesticação de animais, e ao conhecimento da terra e do manejo do solo.

Não somente com relação ao universo material, a sociedade vai então se organizando em termos políticos e sociais.

Projetos e desafios passam a ter interesses comunitários, e de povos.

A mobilidade permite ao homem o seu deslocamento por territórios antes desconhecidos.

Riquezas são descobertas e associadas.

O homem passa a dominar a terra e o mar.

Trocas são realizadas, surge o comércio, e com ele as noções de administrações e de contabilidade.

 

O estabelecimento do profissional da tecnologia, o papel econômico e de formatação política

Até então, as atividades técnicas eram realizadas de modo totalmente empírico, isto é, tudo era feito com base na experiência. O conhecimento era repassado verbalmente, ou armazenado na forma e documentos primitivos, os quais resguardavam os segredos técnicos da época.

Os segredos ficavam resguardados à guardiões que se viam envolvidos com a técnica.

Existia, então, a partir de determinado tempo, uma classe com a função social de prover os meios materiais, e dominar os processos, de modo a poder suprir a demanda da sociedade, contribuindo para a defesa e o desenvolvimento.

Dentro desta missão, se pode citar o domínio sobre o ferro e os metais, com a produção tanto de assessórios como para a produção de armas.

Do crescimento material e da acumulação, veio o estabelecimento de reinos e de impérios, os quais marcaram a antiguidade, e até mesmo nos dias de hoje.

Em se considerando as estruturas de poder, são remarcadas as obras que deram renomes à reis, faraós e, imperadores, assim como obras de infraestrutura, cujos padrões de execução evoluíram ao longo dos séculos, e que atestam o papel da humanidade de criar meios para a sobrevivência, organização física, e poder.

Nota-se então, até aqui, o domínio sobre os materiais da indústria cerâmica, metalúrgica, sobre os recursos hídricos, na região da mesopotâmia, da infraestrutura viária, pelos romanos (justificada pela extensão do império e da necessidade de mobilidade para o controle), e da indústria naval.

A agricultura e o resto do agronegócio estava sendo assimilados pelo homem.

 

A transição para a engenharia moderna

A história da engenharia não pode ser vista sem a influência da sociedade humana, da filosofia, e da ciência.

Durante o século XV, por exemplo, temos o fomento do comércio pelo “mercantilismo”, o qual propiciou o desenvolvimento das trocas e da manufatura.  

Marcava-se uma ruptura com o antigo sistema feudal, onde o homem era praticamente auto suficiente em sua gleba, e politicamente sujeito à um senhor.

Os burgos, pequenas vilas de artesão, ganharam importância.

Surgiu um novo pensamento, favorecendo a liberdade de pensamento e liberdade para a ciência (sobretudo diante da reforma protestante).

Ainda, a filosofia passou a valorizar correntes que lidavam tanto com o pensamento racional, como com base na experimentação.

Surgiu, então, a ciência experimental, assim como se desenvolviam a matemática e as ciências físicas.

Conhecimentos que são desenvolvidos e aperfeiçoados até hoje foram então percebidos, como os da composição e estrutura da matéria, dos fenômenos eletromagnéticos, da física newtoniana, da transferência de calor, da termodinâmica, e outros. Isto possibilitou, por exemplo, o conhecimento da matéria, das transformações de energia convertendo-as em formas úteis, e outras.     

Considera-se, então, que a engenharia ganhava a sua identidade, pela sua capacitação em resolver os problemas físicos, e se tornou em “ciências aplicadas”.

Não somente o conhecimento sobre os processos físicos, mas também da matemática aplicada, da estatística, permitiram a abertura de novas frentes de ação, tais como na modelização e na otimização.

Desta forma, se pode maximizar o desempenho dos materiais e dos sistemas.

Alguns desafios contemporâneos para a engenharia

Desde a revolução industrial a demanda e a diversidade de produtos têm crescido, com base no aumento da população, e dos anseios da sociedade.

Grandes desafios têm surgido para os engenheiros. Dentre eles pode-se citar os seguintes:

-A inovação. Isto tem base na maximização do desempenho dos produtos.

Um outro desafio, é o da sustentabilidade.

Neste sentido, são tomados em consideração os danos causados ao ambiente, alterando os ecossistemas naturais, favorecendo mudanças nos recursos hídricos, ou acarretando processos de erosão.

Muito se tem discutido sobre o problema do esgotamento dos recursos naturais renováveis, e ainda, sobre o destino que se dá aos descartes.

Muito das questões atuais se voltam para este tema, de onde que, muitos produtos são reinventados, reutilizados, ou reciclados. Novos materiais são então criados e desenvolvidos.

Como dito, nota-se que a engenharia que evolui, em concordância com as demandas em função do contexto da sociedade, e dos meios de se produzir a engenharia.

No presente momento, se incorpora os meios de comunicação, que permitem o conhecido trabalho remoto, e ainda, permitem a incorporação de softwares como meio na instrumentação. Isto permite, por exemplo, a robótica e a engenharia 4.0.

Se por um lado, a modelização e a otimização foram importantes para a concepção do trabalho em engenharia, os meios tecnológicos mediante a informática vem a revolucionar o campo da instrumentação para as próximas gerações.