Marco Antônio de Morais Alcantara
A história da tecnologia começa com o próprio homem. Podemos compreender no homem um ser capaz de fazer a leitura do contexto que está à sua volta, e de buscar soluções de modo a se conciliar com o seu ambiente. Nesse artigo, procuraremos apresentar a evolução histórica da tecnologia, e das perspectivas.
Uma reflexão sobre o
começo de tudo
Diferentemente dos demais animais, algumas coisas vieram à
maneira peculiar do homem em se organizar.
Dentre estas peculiaridades, cita-se à fixação à terra, e a
exploração dos recursos provenientes dela. Algumas referências são clássicas
para ilustrar o desenvolvimento do homem, tais como a descoberta do fogo, da
percepção da moldagem, da concepção da roda, da alavanca e de outros
equipamentos.
Disto, o homem pôde então cozer os seus alimentos, produzir a
climatização diante do frio, se defender dos animais ferozes, manipular os
materiais, e outras coisas de modo a ter a capacidade de se perpetuar,
utilizando da sua racionalidade.
Surge a fixação à terra, a organização física no espaço, a
intervenção à sua volta, com a domesticação de animais, e ao conhecimento da
terra e do manejo do solo.
Não somente com relação ao universo material, a sociedade
vai então se organizando em termos políticos e sociais.
Projetos e desafios passam a ter interesses comunitários, e
de povos.
A mobilidade permite ao homem o seu deslocamento por
territórios antes desconhecidos.
Riquezas são descobertas e associadas.
O homem passa a dominar a terra e o mar.
Trocas são realizadas, surge o comércio, e com ele as noções
de administrações e de contabilidade.
O estabelecimento do profissional da tecnologia, o papel econômico e de formatação política
Até então, as atividades técnicas eram realizadas de modo
totalmente empírico, isto é, tudo era feito com base na experiência. O
conhecimento era repassado verbalmente, ou armazenado na forma e documentos
primitivos, os quais resguardavam os segredos técnicos da época.
Os segredos ficavam resguardados à guardiões que se viam
envolvidos com a técnica.
Existia, então, a partir de determinado tempo, uma classe
com a função social de prover os meios materiais, e dominar os processos, de
modo a poder suprir a demanda da sociedade, contribuindo para a defesa e o
desenvolvimento.
Dentro desta missão, se pode citar o domínio sobre o ferro e
os metais, com a produção tanto de assessórios como para a produção de armas.
Do crescimento material e da acumulação, veio o estabelecimento
de reinos e de impérios, os quais marcaram a antiguidade, e até mesmo nos dias
de hoje.
Em se considerando as estruturas de poder, são remarcadas as
obras que deram renomes à reis, faraós e, imperadores, assim como obras de
infraestrutura, cujos padrões de execução evoluíram ao longo dos séculos, e que
atestam o papel da humanidade de criar meios para a sobrevivência, organização
física, e poder.
Nota-se então, até aqui, o domínio sobre os materiais da
indústria cerâmica, metalúrgica, sobre os recursos hídricos, na região da
mesopotâmia, da infraestrutura viária, pelos romanos (justificada pela extensão
do império e da necessidade de mobilidade para o controle), e da indústria
naval.
A agricultura e o resto do agronegócio estava sendo
assimilados pelo homem.
A transição para a
engenharia moderna
A história da engenharia não pode ser vista sem a influência
da sociedade humana, da filosofia, e da ciência.
Durante o século XV, por exemplo, temos o fomento do
comércio pelo “mercantilismo”, o qual propiciou o desenvolvimento das trocas e
da manufatura.
Marcava-se uma ruptura com o antigo sistema feudal, onde o
homem era praticamente auto suficiente em sua gleba, e politicamente sujeito à
um senhor.
Os burgos, pequenas vilas de artesão, ganharam importância.
Surgiu um novo pensamento, favorecendo a liberdade de
pensamento e liberdade para a ciência (sobretudo diante da reforma
protestante).
Ainda, a filosofia passou a valorizar correntes que lidavam
tanto com o pensamento racional, como com base na experimentação.
Surgiu, então, a ciência experimental, assim como se
desenvolviam a matemática e as ciências físicas.
Conhecimentos que são desenvolvidos e aperfeiçoados até hoje
foram então percebidos, como os da composição e estrutura da matéria, dos
fenômenos eletromagnéticos, da física newtoniana, da transferência de calor, da
termodinâmica, e outros. Isto possibilitou, por exemplo, o conhecimento da
matéria, das transformações de energia convertendo-as em formas úteis, e
outras.
Considera-se, então, que a engenharia ganhava a sua identidade,
pela sua capacitação em resolver os problemas físicos, e se tornou em “ciências
aplicadas”.
Não somente o conhecimento sobre os processos físicos, mas
também da matemática aplicada, da estatística, permitiram a abertura de novas
frentes de ação, tais como na modelização e na otimização.
Desta forma, se pode maximizar o desempenho dos materiais e
dos sistemas.
Alguns desafios
contemporâneos para a engenharia
Desde a revolução industrial a demanda e a diversidade de
produtos têm crescido, com base no aumento da população, e dos anseios da sociedade.
Grandes desafios têm surgido para os engenheiros. Dentre
eles pode-se citar os seguintes:
-A inovação. Isto tem base na maximização do desempenho dos
produtos.
Um outro desafio, é o da sustentabilidade.
Neste sentido, são tomados em consideração os danos causados
ao ambiente, alterando os ecossistemas naturais, favorecendo mudanças nos
recursos hídricos, ou acarretando processos de erosão.
Muito se tem discutido sobre o problema do esgotamento dos
recursos naturais renováveis, e ainda, sobre o destino que se dá aos descartes.
Muito das questões atuais se voltam para este tema, de onde
que, muitos produtos são reinventados, reutilizados, ou reciclados. Novos
materiais são então criados e desenvolvidos.
Como dito, nota-se que a engenharia que evolui, em
concordância com as demandas em função do contexto da sociedade, e dos meios de
se produzir a engenharia.
No presente momento, se incorpora os meios de comunicação,
que permitem o conhecido trabalho remoto, e ainda, permitem a incorporação de
softwares como meio na instrumentação. Isto permite, por exemplo, a robótica e
a engenharia 4.0.
Se por um lado, a modelização e a otimização foram
importantes para a concepção do trabalho em engenharia, os meios tecnológicos mediante
a informática vem a revolucionar o campo da instrumentação para as próximas
gerações.