Neste artigo se tomará em consideração as condições sobre o uso do solo, as condições de tráfego, implicando no tipo de solicitação, e os consequentes cuidados no dimensionamento e na integração dos serviços, juntamente com propostas de materiais. Algumas soluções técnicas para assuntos específicos serão discutidas.
O uso do solo:
Com relação ao solo em um município, em primeiro ugar se
podem distinguir os casos dos solos urbano e solo rural.
Com respeito ao solo urbano, podem ser consideradas
diferentes atribuições do sistema viário, das quais se distinguem, por exemplo,
as vias de uso local, vias coletoras, vias arteriais e hoje, bastante implementados,
nas metrópoles, os anéis viários.
Diferentes papéis podem estar associados a estas atribuições
viárias, sobretudo, com a sua relação com relação ao uso do lindeiro, as quais
podem implicar em diferentes demandas de tráfego, velocidades de operação,
solicitações e requisitos de desempenho.
Podem ser considerados, dentro da malha urbana, os corredores
de tráfego, por onde devem circular, preferencialmente, os veículos pesados
tais como ônibus, e a frota de serviços que atendem a fornecedores, suprindo-os
com os seus produtos.
Diferentes tipos de materiais podem ser utilizados, de modo
que os pavimentos possam atender aos seus requisitos de desempenho, ditados
pela capacidade de suporte do pavimento, a durabilidade, a infiltração d’água
limitada, a ausência de ondulações, as condições favoráveis de rolamento e a
eficiência da sinalização.
A capacidade viária, em termos do fluxo livre de veículos
por unidade de tempo, pode ser requerida de modo diferente, de tal modo que
diferentes configurações podem ser necessárias ou adequadas, implicando em
diferentes números de faixas, ou largura do leito carroçável, podendo essas serem
até reduzidas em casos de vias exclusivamente de uso local.
Os materiais poderão ser adotados com base em um
dimensionamento adequado, sendo que, para alguns casos o imperativo é a
durabilidade, de modo que seja maximizada, e com menores incidências de necessidade
de manutenção, e com a concomitante interrupção do trecho.
Um aspecto interessante para os casos de pavimentação urbana
é a interação desta com outros tipos de infraestrutura, como, por exemplo a
drenagem, sistema ao qual ela também faz parte. Também os passeios estão de
alguma forma atrelados aos sistemas de circulação, de modo que se possa tirar
partido no projeto urbano. Conforme o caráter da via e do uso do solo, pode-se
arbitrar sobre os espaços definidos a cada um dos subsistemas.
O meio rural:
Fora do meio urbano, no meio rural, existem as estradas
vicinais.
Estas têm por finalidade conectar as diferentes propriedades
rurais, e comunidades rurais, ao meio urbano.
Normalmente estas vias são trafegadas por veículos de
propriedade particular, além de veículos escolares, veículos públicos, e
veículos para o transporte da produção do agronegócio regional.
Na maioria das vezes, estas vias não são pavimentadas. Um
desafio administrativo é o de garantir a trafegabilidade destas vias durante o
ano todo.
As soluções técnicas:
Diante dos diferentes contextos de operação, as soluções
técnicas surgem, de modo a poder conciliar as demandas e os requisitos para
cada situação particular.
As propostas técnicas atendem a diferentes níveis de
serviços.
A decisão por pavimentar, ou o quanto fazer, já contempla uma
decisão técnica.
O fato de se pavimentar uma via pode influenciar para o
aumento do tráfego dessa via.
Como dito a integração da pavimentação com outros serviços,
ou áreas urbanas, podem ser tratadas de modo integrado. Alguns fatores de sustentabilidade
são integrados hoje aos sistemas de pavimentação.
Fatores como o clima são tomados em consideração diante da
formação de “ilhas de calor”, fato que pode estimular o planejamento do sistema
viário em associação com as áreas de paisagismo.
Conhecido é o efeito da impermeabilização do solo pela
urbanização, conduzindo ao aumento da impermeabilização do solo. Isto em
contribuído para a exploração do desenho urbano de tal modo a privilegiar as
melhores condições de infiltração da água no solo, com a adoção de áreas
livres, com vegetação, e ainda, com o uso de pavimentos permeáveis, que
permitam a infiltração de água nos terrenos. Esta visão se coloca ao lado
daquela que considera que os sistemas de drenagem tradicionais “empurram” o problema
para a jusante.
Os pavimentos permeáveis têm sido utilizados em locais de
estacionamentos, ou em locais de tráfego leve, tais como no caso das ciclovias.
Alguns dos materiais utilizados nos sistemas de pavimentação
hoje podem ser materiais reciclados, ou reutilizados, conforme preconiza a
engenharia verde. Dentro deste contexto, podemos citar os resíduos de
construção, para o caso da fabricação de concretos permeáveis, ou resíduos de
pneus inservíveis, como fibras para a melhoria de asfaltos, quanto ao aumento das
condições de ductilidade, diante do envelhecimento gradual, com a perda das
condições de elasticidade, e ganho de rigidez. O uso de fibras ajuda no aumento
da vida útil do pavimento.
Em corredores de tráfego, uma discussão tem sido considerada
em favor dos pavimentos de concreto, de modo que a sua eficiência seja melhor,
por apresentarem maior rigidez, melhor regularidade e ausência de ondulações,
favorecendo o fluxo de veículos e, sobretudo, com menor consumo de combustível.
Os pavimentos de concretos estariam também menos sujeitos à dissolução,
provocados pelo derrame de combustível pelos veículos.
Nos casos de estradas vicinais, se depara com dois problemas
notáveis: a presença de pó durante os períodos de seca, e a formação de barro,
concentração de águas, e a não trafegabilidade durante os períodos de chuvas.
Para contornar o problema, são realizadas frequentes
manutenções pelo poder público, com a regularização da via com o uso de motoniveladoras,
e o agulhamento com o uso de cascalhos e materiais granulares diversos.
Algumas soluções existem, como o tratamento anti-pó, e o uso
de estabilizantes de solo.
Os produtos anti-pó podem atuar favorecendo a retenção de
umidade do solo, e podem ser sais, tais como o cloreto de sódio e o cloreto de
cálcio. Alguns produtos podem ser disponibilizados no mercado. Aqui se
preocupou em tratar do princípio ativo.
Com relação ao tipo de solo local, pode-se considerar, em
primeiro lugar, as condições deste solo para desempenhar como subleito. No caso
de o solo não apresentar boa capacidade como subleito, se pode realizar o “reforço
do subleito”, através de uma das alternativas: (i) por estabilização granulométrica;
ou (ii) por estabilização química.
No caso da estabilização granulométrica, esta pode ser
complementada com a utilização de geotexteis. Estes poderão colaborar na
separação de fases, no sentido de impedir a migração de elementos granulares do
reforço para o interior do solo.
A estabilização química poderá contribuir dentro de seus
objetivos, sejam: (i) melhoria das condições de plasticidade do solo, de modo a
poder garantir as condições de trafegabilidade; e também de permitir as condições
de operação para a execução dos serviços de pavimentação; (ii) conter a
expansão de solos, que podem ocorrer em razão da presença de argilominerais
expansivos, tais como “montmorilonita”, cloritas e micas, do tipo 2:1.
Os problemas de plasticidade dos solos são resolvidos pelo
uso da cal, ou do cimento. Os íons de cálcio interveem no complexo de troca
iônica dos solos, induzindo-os à floculação e à diminuição do índice de
plasticidade dos solos. No caso do uso de cimento, a parcela de cal presente
após a hidratação do cimento cumpre com o papel ora descrito.
Os problemas de expansão de solos podem ser resolvidos pela
cimentação dos solos, promovida pela presença do aditivo, e ainda, pela menor
impermeabilidade promovida pela estabilização.