Marco Antônio de Morais Alcantara
#MorfologiaUrbana #ApropriaçãoDoEspaçoUrbano #MaisValiaUrbana
Existem alguns condicionantes para a moldagem das cidades, com a concomitante configuração da apropriação do espaço urbano; tem-se a mão dos agentes interventores no espaço urbano.
Dentre
estes agentes podem ser apresentados o poder públicos, o setor privado, tais
como o imobiliário, de habitação, do comércio, e sobretudo, a população, a qual
não é obrigatoriamente passiva diante destes processos.
Singer
(1982) apresenta o solo urbano como um falso capital, onde, ele é necessário
para o estabelecimento de uma atividade produtiva. Esta publicação é antiga, mas verifica-se que para a nossa economia o processo se encontra sob a mesma compreensão. Alguns aspectos são
levantados pelo autor, tais como:
-
O valor do solo é o qual a demanda está disposta a pagar;
-
existe o valor diferencial da renda da terra, em função do lucro que é possível
se obter em uma atividade produtiva, em função da localização;
-ainda, existe a renda de monopólio, quando existe um público cativo, restrito a se locomover para buscar o suprimento de suas necessidades.
-ainda, existe a renda de monopólio, quando existe um público cativo, restrito a se locomover para buscar o suprimento de suas necessidades.
Estes
princípios orientar a se compreender a mais valia no espaço urbano.
O
autor ainda apresenta a dinâmica urbana proporcionada pela expansão do centro
urbano e a criação de valores tanto nas áreas antigas de prestígio.
Bairros
considerados como nobres passam a sofrer a invasão das atividades do comércio,
ainda que muitas vezes estilizado para uma população mais nobre; e também surgem
as academias, cursos de idiomas, e clínicas médicas. Não se ignora também a
presença de órgãos públicos, e secretarias. As vias com caráter de coletoras
passam a ser corredores de tráfego, intensificando o caráter de insegurança
pelos moradores mais antigos.
Alguns
moradores ainda insistem em permanecer no local, pelos vínculos criados ao espaço
e aos vizinhos que ainda restam. Mas a presença de gente em transito passa a
preocupar os antigos moradores, que dantes gozavam de sossego e privacidade. Algumas
das antigas residências se tornaram já até obsoletas a esse estágio, podendo
estar inclusive até em inventário, em polêmicas entre herdeiros que não tem
mais aquele lugar como escolha para residir. Contudo, resta ainda o prestígio
do bairro, e torres são levantadas por grupos incorporadores de imóveis e
lançamentos imobiliários.
Figura 1: Centro expandido da cidade de Araçatuba-SP
Em
outros casos, alguns tem hoje a preferência por condomínios fechados e
isolados, e em lugar mais distante dos centros urbanos.
Ainda,
nas novas áreas implementadas pelo setor imobiliário, conta-se também com a
ação dos loteadores promocionais, impulsionando a população mais pobre para a
periferia; isto se dá através de loteamentos em áreas mais distantes, a preço
barato e em condições facilitadas para o pagamento. Quando esta população é
instalada, ela vai pleitear os serviços básicos e equipamentos urbanos
faltantes.
Um outro aspecto é o da degradação do centro
antigo; com a obsolescência dos imóveis, e a falta de manutenção, estes passam
a ser cortiços, habitados por migrantes de baixa renda, enquanto os
proprietários dos terrenos aguardam valorização.
SINGER, P. O uso do solo urbano na economia capitalista. In: MARICATO, Ermínio(org.) A produção capitalista da casa (e da cidade) no Brasil. São Paulo, 1982, Alfa Ômega, pd 21-36