Marco Antônio de Morais Alcantara
#Pavimentação #OrientaçõesDeExecução
Os serviços de pavimentação urbana constituem-se um grande percentual das obras urbanas, tanto em termos dos encargos como dos custos. Assim, se considera importante uma breve reflexão sobre o tema, especialmente quando considerado o contexto do meio urbano.
Aspectos
relevantes sobre os sistemas de pavimentos urbanos comparados aos casos dos
pavimentos rodoviários
Especialmente
no contexto de implantação e dos requisitos de desempenho, um aspecto
importante é apresentado conforme em MORETTI (1987), sobre a diferença entre os
pavimentos urbanos e os pavimentos rodoviários. Estas diferenças trazem
peculiaridades para com as obras de pavimentação no meio urbano, de modo a se
evitar patologias.
Para
o caso de implantação de pavimentos rodoviários, podem existir grandes volumes
de cortes ou de aterros, assim como, as condições de implantação dos sistemas
de drenagem de águas pluviais são mais flexíveis em termos de espaços para a
implantação. Para o caso de obras urbanas, como os de arruamentos de vias, as
condições de topografia e de traçado são impostas conforme o parcelamento do
terreno, assim como, existem as limitações impostas pelo uso do solo lindeiro,
de modo que as condições de drenagem e escoamento das águas pluviais são menos
arbitradas pelo projetista. Um outro aspecto construtivo importante para o caso
da construção de vias urbanas é a necessidade de conciliação com outros tipos
de infraestruturas, como as redes de serviço.
Quanto
ao tráfego urbano e o tráfego rodoviário, as velocidades são menos sujeitas a
variações para os casos de pavimentos rodoviários, e ainda sujeitas a menores
quantidades de frenagens e de mudanças de direção. Isto faz com que
solicitações de cisalhamento entre a camada de revestimento e a base sejam
menores para os casos de pavimentos rodoviários. Para o tráfego urbano são
também maiores as interrupções de movimento. No caso de derrame de óleo no
pavimento, pelos veículos estacionados, este é maior para os casos de
pavimentos urbanos. Existe ainda o fato
de que as vias se cruzam em interseções em nível, gerando conflitos e
dificuldades quando na definição da conformação da área e da drenagem.
Aspectos
relativos à execução de pavimentos
Uma
das questões importantes sobre a execução é a compactação do sub-leito. Neste
caso se torna necessários que os parâmetros de compactação sejam atendidos. De
início, tem-se o acerto da umidade.
O atendimento da umidade ótima de moldagem é um requisito a se adotar, aplicando-se precisamente a umidade ótima de moldagem relativa ao tipo de solo, sendo que, em caso de o valor da umidade ser inferior ao da resultante, a densidade de projeto não será alcançada, e, em outro caso, havendo o excesso, o processo será dificultado, podendo haver a presença de ondulações e fissuração no material compactado.
O atendimento da umidade ótima de moldagem é um requisito a se adotar, aplicando-se precisamente a umidade ótima de moldagem relativa ao tipo de solo, sendo que, em caso de o valor da umidade ser inferior ao da resultante, a densidade de projeto não será alcançada, e, em outro caso, havendo o excesso, o processo será dificultado, podendo haver a presença de ondulações e fissuração no material compactado.
Um
aspecto curioso, é que alguns aditivos são
diluídos em água para serem aplicados, devendo, então, que se desconte a
quantidade de água utilizada na diluição quando no cálculo da quantidade de
água de moldagem.
Outra
questão é a sistemática adotada durante as obras, a qual pode permitir, por
exemplo, que ocorra a precipitação sobre um trecho durante os trabalhos de
compactação. A compactação sob condições de umidade excessiva pode provocar
problemas como ondulações, conhecidos popularmente como “borrachudos”,
necessitando a posterior reparação dos trechos.
Também,
o “número de passadas” do rolo compactador deverá ser coerente com a energia a
ser aplicada para que se alcance a densidade de projeto, conforme os parâmetros
de compactação do solo. Além de se atentar para o número de passadas, também
deve se considerar o tipo de rolo que se está utilizando, o qual deve ser
compatível com o tipo de solo.
De
modo geral pode se considerar a capacidade do rolo em termos da energia
aplicada ao solo, e da espessura das camadas a serem compactadas. Um outro aspecto
é o tipo de rolo e a eficácia deste na compactação. Neste sentido, o rolo liso
é adequado de modo preferencial para solos arenosos, enquanto que os rolos do
tipo “pé de carneiro” são adequados para solos argilosos e areno-siltosos. Para
os casos dos solos arenosos, ainda se pode fazer combinada a ação da vibração,
é o caso do rolo liso vibratório.
Com
relação à área a ser pavimentada, na compactação pode-se levar em consideração
às diferenças relativas às condições de compactação que podem ser alcançadas em
diferentes partes do pavimento, como no caso de situações de alargamentos, ou quando
junto às guias de sarjetas. Isto pode conduzir a recalques diferenciais no
subleito. No caso de haver obras enterradas deve se ter cuidados com a
utilização do rolo vibratório, pois estas podem ser afetadas.
Com
relação à aplicação dos materiais betuminosos, existem também alguns cuidados a
serem procedidos. A imprimadura não pode ser negligenciada, após a conclusão
dos trabalhos de compactação. Esta tem por finalidade impermeabilizar o
subleito, e de proporcionar aderência entre o material betuminoso e o subleito.
Na
construção da base ou do revestimento a quantidade de material betuminoso deve
ser adequada, de modo que o material granular seja aglutinado. O excesso de
material betuminoso pode provocar a exsudação, e no caso a falta da
insuficiência deste, a perda do poder ligante, conduzindo-se à degradação futura
do pavimento, com a fácil formação de panelas e com a desagregação precoce do
pavimento. No caso da presença de
materiais finos em composição, o seu excesso pode conduzir à fissuração do
pavimento, em razão das propriedades de retração peculiares a este tipo de
material.
Caso
de condição de projeto
Dentre estes assuntos
deve-se atentar para as condições de drenagens oferecidas pela via, de modo a
se promover o escoamento das águas; deve-se fazer o abaulamento da pista no
sentido de se favorecer o escoamento das águas, de modo que elas não fiquem
concentradas no leito carroçável. A conformação geométrica da pista deve ser de
tal modo que ela não apresente ondulações e irregularidades, pois, desta forma,
a água poderá se concentrar na pista, favorecendo a infiltração e a degradação
da base, e também, proporcionará desconforto ao condutor, além de contribuir
com resistência ao rolamento e aumentando o consumo de combustível.
Projeto, pós-ocupação e as questões de desempenho
Os
problemas de pavimentação que podem ocorrer estão relacionados ao projeto e a concepção,
e ao desempenho na fase de pós-ocupação. Dentre os fatores de projeto a demanda
de tráfego é um fator importante, devendo haver compatibilidade entre o
dimensionamento do pavimento e as cargas realmente aplicadas quando na
pós-ocupação. Muitas vezes o pavimento pode ser sub-dimensionado, e em outros
casos uma via pode sofrer modificações em sua importância, sem o devido
planejamento, de modo que o tráfego não esperado venha a contribuir para a
degradação do pavimento.
O
número de frenagens, os esforços aplicados pelos veículos quando em mudança de
direção, a presença de óleos derramados pelos veículos, podem também solicitar
o pavimento, ou podem contribuir para que o pavimento constituído de material
betuminoso sofra dissolução. É importante saber de antemão como determinada via
deverá ser utilizada.
MORETTI, R.S. Loteamentos: Manual de recomendações para
elaboração de projetos. São Paulo, 1987, Instituto de Pesquisas
Tecnológicas (IPT), 179p.