Foto: Porto-PT
Marco Antônio de Morais Alcantara
#ProblemasMetropolitanos #PlanejamentoMetrópoles #GrandesCidades
Contextualização
Normalmente
o centro antigo representa o lugar onde genericamente se desenvolveram as
relações de troca, de negócios, de prestação de serviços, e de atendimento dos serviços burocráticos. Ainda, no centro antigo se situam os marcos referentes à
história do lugar, palco de eventos que contribuíram para as conquistas de
uma sociedade local ou até mesmo nacional. O centro urbano antigo está então arraigado à vida
de uma comunidade, e ainda se constitui em um espaço democrático para o
indivíduo ou família de modo a se ter acesso ao lazer, atividade cultural, atividade
religiosa ou de formação.
De
modo geral, se requer para um centro urbano espaço disponível para a circulação,
tanto de veículos como de pedestres, espaços livres para convivência, meios
indicadores de orientação no espaço e vizinhança, equipamentos urbanos, e a lisibilidade
em termos dos edifícios, ícones locais, vias urbanas com as suas conexões.
Com
o crescimento das cidades de porte médio para metrópoles percebe-se o aparecimento
de conflitos e disfunções urbanas dentro desta área. De uma parte, com o aparecimento do centro
expandido alguns setores de atividade migram para outras áreas, menos conflitantes, como os
setores de negócios, centros comerciais mais nobres, centros financeiros, mas, o
antigo coração da cidade não deixa de pulsar, pois o antigo núcleo conserva
ainda alguns dos setores de atividade mais ligados à vida cotidiana como o do comércio de varejo, o do atendimento de serviços públicos, o dos serviços bancários, dos restaurantes, dos hotéis, e ainda nele se concentram igrejas, teatros, estações de metrô e
terminais de ônibus.
Normalmente o centro antigo apresenta grande resistência às transformações, pois, como apresentado, nele
persiste o caráter de espaço livre, abriga as relações humanas de sobrevivência
e também nele se situam os ícones que representam a memória da cidade, como monumentos,
obeliscos e edifícios históricos.
Os conflitos dos
centros urbanos antigos
Alguns
dos conflitos que podem ser apresentados para os centros antigos urbanos tem relação com o fato deste ser
um espaço de polarização.
De
fato, com relação aos transportes, por exemplo, tem-se os problemas de congestionamento e de
busca por estacionamento. Ainda, com relação às vias que se conectam ao centro,
comumente se apresentam gargalos localizados, tanto em razão do mau planejamento das
vias que conduzem ao centro, como das que permitem a saída deste. Um centro urbano também abriga a trajetória das principais linhas de ônibus da cidade, cujos traçados muitas vezes se superpõem, trazendo conflitos entre automóveis e veículos de transporte coletivo, cujos espaços para paradas são imperativos.
Um outro
aspecto é o sanitário. Com relação às vias urbanas e aos espaços públicos a limpeza urbana e a drenagem urbana são importantíssimas,
tendo em vista a produção de descartes e a sua acumulação. Já com relação aos
terminais urbanos, estes devem estar capacitados para atender um número maior
de usuários, mantendo-se as condições sanitárias, em termos de instalações e de corredores de circulação, atendendo-se aos espaços requisitados.
Com
a complexidade das atividades e com o número de pessoas que passam pelo centro,
as condições de segurança passam a ser reclamadas. Juntamente com isso, tem-se
a preocupação com a necessidade de regulamentação das atividades, a segregação de
atividades conforme a natureza, e a preocupação com a poluição visual, diante
da competitividade por clientes.
Ainda, os centros antigos estão relacionados à obsolescência das estruturas
presentes. Nota-se
nestes espaços a dificuldade de trânsito para pedestres, assim como a
inadequação para indivíduos deficientes, fato que vem sendo alvo de políticas
de inclusão. Muitos dos edifícios antigos são ainda mal conservados e não
dispõem de condições de segurança e de acessibilidade.
Finalmente,
tem-se as condições climáticas.
Os
centros antigos são de modo geral mineralizados, algumas vezes desprovidos de
arborização, tomados os espaços por marquises, e por acessórios como bancas de
revistas, e toldos de estabelecimentos comerciais, de modo a se constituir em
ilhas de calor. Normalmente as temperaturas médias diárias são mais elevadas nas regiões centrais do que na periferia, assim como as variações térmicas são menores entre os períodos do dia e da noite. Uma parte do comércio e dos serviços é reconduzida para
galerias climatizadas, as quais aumentam o consumo de energia com a
climatização.
A revitalização de
centros urbanos
A
revitalização de centros urbanos tradicionais tem sido um desafio para administrações
municipais em regiões metropolitanas, e ela tem sido acatada em diversos
centros de renome, como Londres, Paris, Toulouse e outros. Uma questão que se
coloca é: porque investir na recuperação de centros urbanos?
Considerando
a vontade do capital imobiliário este desafio tende a ser ignorado, de modo a
se ganhar mais valia em áreas que lhe forneçam maior retorno. Muitas vezes este
se beneficia quando uma iniciativa pública teve já lugar, de modo a se promover
a valorização das áreas que são alvo de intervenção, trazendo serviços locais e
melhorias.
Novas
visões têm surgido dentro desse aspecto de intervenção, a partir de novos fatos.
A cidade tem por função um papel econômico e competitivo. Considerando ainda cidades médias, uma nova empresa de
grande porte ou de tecnologia sofisticada poderia ter sua sede em Londrina-PR, Uberlandia-MG,
Anápolis-GO ou em Caruaru-PE. A cidade tem que oferecer condições satisfatórias
de vida tanto para empreendedores como para atrair mão de obra qualificada. O
centro urbano é um cartão de visitas do município, assim como as condições
locais de aeroporto, centros educacionais disponíveis e outros serviços.
O conceito de revitalização tem sido ligado ao
conceito de qualidade de vida. As revitalizações passam pelo processo de se
compreender uma nova diversidade, de modo a se poder intervir no ambiente
construído, tirando-se partido de suas principais configurações originais, e
dar a estas melhores condições de funcionalidade.
Nesse
sentido, os projetos urbanos para centros antigos normalmente preveem:
-Novos
sistemas para iluminação pública, podendo-se juntamente tirar partido do
paisagismo referente a vegetação e aos edifícios históricos;
-revitalização
de edifícios históricos e de monumentos;
-despoluição
visual, estabelecimento de normas para comunicação urbana;
-sinalização
urbana, e implantação de sistemas de segurança por câmaras;
-requalificação
de vias em compatibilidade com os eixos urbanos;
-promover
a criação de novas áreas verdes;
-criar
condições acessibilidade;
-criar
vias e espaços exclusivos para pedestres;
-criar
condições de estacionamentos.
Ressalta-se
que algumas das cidades europeias tem limitado o uso de veículos nos centros
urbanos, em favorecimento de espaços de circulação para pedestres, de implantação
de áreas verdes, da implantação de ciclovias.
http://thecityfixbrasil.com/2016/03/19/nova-vida-para-o-centro-de-lisboa/?utm_source=tcfb&utm_medium=facbeook&utm_campaign=revitalizacao-lisboa
http://www.toulouse.fr/web/projet-urbain/-/toulouse-eurosudouest-un-projet-strategique-avec-l-arrivee-de-la-l-1
http://www.toulouse-metropole.fr/-/2019-des-ramblas-sur-les-allees-jean-jaures?redirect=%2F
Este aspecto merece grande atenção, pois, o ser humano passa a ser mais valorizado dentro da estrutura, sendo o elemento mais importante, contrariamente á visão tradicional da cidade formatada para a mais valia em detrimento da qualidade de vida.
Sobre o autor:
Marco Antônio de Morais Alcantara é Engenheiro Civil formado pela Universidade Federal de São Carlos-BR, com ênfase em Engenharia Urbana (1986); Mestre em Engenharia Civil, área de concentração em Geotecnia, pela Universidade Federal de Viçosa-BR (1995); Master Génie Civil, Matériaux et Structures, pelo Institut National des Sciences Appliquées de Toulouse-FR (2001); Docteur Génie Civil, Matériaux et Structures, pelo Institut National des Sciences Appliquées de Toulouse-FR (2004); e tem pós-doutorado em Estruturas pela Universidade do Porto-PT (2012). É docente da FEIS/UNESP desde 1987.
http://thecityfixbrasil.com/2016/03/19/nova-vida-para-o-centro-de-lisboa/?utm_source=tcfb&utm_medium=facbeook&utm_campaign=revitalizacao-lisboa
http://www.toulouse.fr/web/projet-urbain/-/toulouse-eurosudouest-un-projet-strategique-avec-l-arrivee-de-la-l-1
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Este aspecto merece grande atenção, pois, o ser humano passa a ser mais valorizado dentro da estrutura, sendo o elemento mais importante, contrariamente á visão tradicional da cidade formatada para a mais valia em detrimento da qualidade de vida.
Sobre o autor:
Marco Antônio de Morais Alcantara é Engenheiro Civil formado pela Universidade Federal de São Carlos-BR, com ênfase em Engenharia Urbana (1986); Mestre em Engenharia Civil, área de concentração em Geotecnia, pela Universidade Federal de Viçosa-BR (1995); Master Génie Civil, Matériaux et Structures, pelo Institut National des Sciences Appliquées de Toulouse-FR (2001); Docteur Génie Civil, Matériaux et Structures, pelo Institut National des Sciences Appliquées de Toulouse-FR (2004); e tem pós-doutorado em Estruturas pela Universidade do Porto-PT (2012). É docente da FEIS/UNESP desde 1987.