quarta-feira, 7 de maio de 2025

Como melhorar a minha cidade

 

Marco Antônio de Morais Alcantara


Desde a revolução industrial a população mundial passou a viver cada vez mais em cidades.

Com esta nova forma de vida as pessoas passaram a viver em espaços cada vez mais comuns, para a realização das suas necessidades básicas para sobrevivência, e de reproduzir a sua força de trabalho; e ainda, com menor condição de autonomia para gerir o seu espaço.

Este processo ocorrido anteriormente na Europa apresentou inúmeras contingências, tais como: a elevada densidade demográfica, a falta de condições de salubridade, e a proliferação de doenças, e ainda, se somava a ausência de infraestrutura urbana ou a deficiências nestas.

Nisto surgiu a saúde pública, de modo a se evitar que se proliferassem epidemias; diferentemente do ambiente rural, o meio urbano tornava as pessoas mais próximas, e passivas à ação de bactérias.

Estava aberto o caminho para o higienismo (Benévolo, 2019).

Do mesmo modo, as condições de mobilidade se multiplicaram, com o aparecimento de veículos já não puxados por tração animal, trazendo como consequências os conflitos dos deslocamentos, havendo, então, necessidade de se adequar as vias, e ainda conceber os princípios da nascente engenharia de tráfego.

Durante fases posteriores, a industrialização se expandiu para outros continentes, intervindo também no modo de vida das pessoas que neles habitavam.

O setor tecnológico evoluiu, assim como os sistemas urbanos também foram evoluindo, passando por autarquias e tendo também a contrapartida do setor privado. O estado tem atuado muito frequentemente em parcerias público privadas (Cuthbert, 2011), e ainda conforme o mesmo autor ao estado cumpre o papel de ser o fiel da balança no sentido de conciliar os interesses públicos e privados. 

Por outro lado, a sociedade se tornou também mais complexa, dentro desta estrutura de produção; no geral, as necessidades dos indivíduos passaram a ter mais relevância, algumas delas inclusive, vieram a emergir e a ter maior relevância em tempos recentes.

Dentre as necessidades que emergem, podem-se citadas as condições de acessibilidade, a segurança urbana dentro da infraestrutura, o caótico movimento do trânsito decorrente da pluralidade de veículos que apresentam diferentes condições de inércia, e que operam em velocidades distintas, assim como outros no que tange à infraestrutura.

A percepção da cidade e as suas medidas devem estar em compatibilidade com a dimensão humana, tanto para deslocamentos como para espaços dos cidadãos (Gehi, 2010).

Ainda, cita-se o problema dos alojamentos, com base nas condições sanitárias e de saúde, áreas mínimas para o exercício das atividades básicas, e a parte externa a este, referindo ao abastecimento, a presença dos serviços públicos, de maneira a poder otimizar os deslocamentos, de tal modo que não possa existir congestionamento, ou gasto excessivo de combustíveis, assim como o transporte público (Goitia, 2010; Benevolo, 2019).

Não os alojamentos são objetos de discussão, como a acesso ao tecido urbano, o problema fundiário, de tal modo que os moradores tenham oportunidade de habitar em terrenos salubres e sob segurança do ponto de vista de estabilidade de terrenos.  

Não se deve negligenciar o problema dos resíduos. Como considera Pereira Neto (2007), desde a revolução industrial a humanidade vem consumindo. Desde alimentos, bens, eletrônicos, os resíduos têm se tornado cada vez mais complexos. Deve-se dar a eles o processamento que lhes é devido, seja produtos eletrônicos como aqueles que vão atrair vetores de proliferação de doenças. Uns são reutilizáveis ou reciclados, de modo que seja poupado consumo de energia e de emissões ambientais.

Por tudo isso, os serviços públicos são de grande importância, contudo, cabe ao cidadão dar a sua contrapartida, inclusive levando as demandas aos setores competentes.

Este texto contou com a colaboração de Artur Pantoja Marques e Adriano Souza

   

Referências

 

BENEVOLO, L. História das cidades. São Paulo, 2019, Perspectiva, 863p.

CUTHBERT, A. Compreendendo as cidades. São Paulo, 2011, Perspectiva, 344p.

GEHI, J. Cidade para pessoas. São Paulo, 2010, Perspectiva, 262p.

GOITIA, F.C. Breve história do urbanismo. Lisboa, 2010, Editorial Presença, 209p.

PEREIRA NETO, J.T. Gerenciamento do lixo urbano aspectos técnicos e ambientais. Viçosa, 2007, Editora U.F.V, 129p.