Marco Antônio de Morais Alcantara
Desde a revolução industrial a população mundial passou a
viver cada vez mais em cidades.
Com esta nova forma de vida as pessoas passaram a viver em espaços cada vez mais comuns, para a realização das suas necessidades básicas para sobrevivência, e de reproduzir a sua força de trabalho; e ainda, com menor condição de autonomia para gerir o seu espaço.
Este processo ocorrido anteriormente na Europa apresentou
inúmeras contingências, tais como: a elevada densidade demográfica, a falta de
condições de salubridade, e a proliferação de doenças, e ainda, se somava a
ausência de infraestrutura urbana ou a deficiências nestas.
Nisto surgiu a saúde pública, de modo a se evitar que se
proliferassem epidemias; diferentemente do ambiente rural, o meio urbano
tornava as pessoas mais próximas, e passivas à ação de bactérias.
Estava aberto o caminho para o higienismo (Benévolo, 2019).
Do mesmo modo, as condições de mobilidade se multiplicaram,
com o aparecimento de veículos já não puxados por tração animal, trazendo como
consequências os conflitos dos deslocamentos, havendo, então, necessidade de se
adequar as vias, e ainda conceber os princípios da nascente engenharia de
tráfego.
Durante fases posteriores, a industrialização se expandiu
para outros continentes, intervindo também no modo de vida das pessoas que
neles habitavam.
O setor tecnológico evoluiu, assim como os sistemas urbanos
também foram evoluindo, passando por autarquias e tendo também a contrapartida
do setor privado. O estado tem atuado muito frequentemente em parcerias público
privadas (Cuthbert, 2011), e ainda conforme o mesmo autor ao estado cumpre o
papel de ser o fiel da balança no sentido de conciliar os interesses públicos e
privados.
Por outro lado, a sociedade se tornou também mais complexa,
dentro desta estrutura de produção; no geral, as necessidades dos indivíduos
passaram a ter mais relevância, algumas delas inclusive, vieram a emergir e a
ter maior relevância em tempos recentes.
Dentre as necessidades que emergem, podem-se citadas as
condições de acessibilidade, a segurança urbana dentro da infraestrutura, o
caótico movimento do trânsito decorrente da pluralidade de veículos que
apresentam diferentes condições de inércia, e que operam em velocidades
distintas, assim como outros no que tange à infraestrutura.
A percepção da cidade e as suas medidas devem estar em
compatibilidade com a dimensão humana, tanto para deslocamentos como para
espaços dos cidadãos (Gehi, 2010).
Ainda, cita-se o problema dos alojamentos, com base nas
condições sanitárias e de saúde, áreas mínimas para o exercício das atividades
básicas, e a parte externa a este, referindo ao abastecimento, a presença dos
serviços públicos, de maneira a poder otimizar os deslocamentos, de tal modo
que não possa existir congestionamento, ou gasto excessivo de combustíveis,
assim como o transporte público (Goitia, 2010; Benevolo, 2019).
Não os alojamentos são objetos de discussão, como a acesso
ao tecido urbano, o problema fundiário, de tal modo que os moradores tenham
oportunidade de habitar em terrenos salubres e sob segurança do ponto de vista
de estabilidade de terrenos.
Não se deve negligenciar o problema dos resíduos. Como
considera Pereira Neto (2007), desde a revolução industrial a humanidade vem
consumindo. Desde alimentos, bens, eletrônicos, os resíduos têm se tornado cada
vez mais complexos. Deve-se dar a eles o processamento que lhes é devido, seja
produtos eletrônicos como aqueles que vão atrair vetores de proliferação de
doenças. Uns são reutilizáveis ou reciclados, de modo que seja poupado consumo
de energia e de emissões ambientais.
Por tudo isso, os serviços públicos são de grande
importância, contudo, cabe ao cidadão dar a sua contrapartida, inclusive
levando as demandas aos setores competentes.
Este texto contou com a colaboração de Artur Pantoja Marques e Adriano Souza
Referências
BENEVOLO, L. História das cidades. São Paulo, 2019,
Perspectiva, 863p.
CUTHBERT, A. Compreendendo as cidades. São Paulo, 2011,
Perspectiva, 344p.
GEHI, J. Cidade para pessoas. São Paulo, 2010, Perspectiva,
262p.
GOITIA, F.C. Breve história do urbanismo. Lisboa, 2010,
Editorial Presença, 209p.
PEREIRA NETO, J.T. Gerenciamento do lixo urbano aspectos
técnicos e ambientais. Viçosa, 2007, Editora U.F.V, 129p.