Marco Antônio de Morais Alcantara
#PlanejamentoSistemaViário #InfraestruturaPavimentosUrbanos
Ao
se considerar o sistema viário convém a princípio contextualiza-lo do ponto de
vista dos tipos de vias urbanas e da caracterização destas vias.
Tipos de vias urbanas
As vias urbanas podem ser distinguidas pela relação que elas podem ter com o uso do solo lindeiro e o deslocamento (Figura 1).
De acordo com o Código Brasileiro de Trânsito (CBT), as vias urbanas podem receber algumas atribuições, conforme a relação entre o deslocamento e o solo lindeiro, a saber:
Figura 1: Relação entre as vias e o solo lindeiro
De acordo com o Código Brasileiro de Trânsito (CBT), as vias urbanas podem receber algumas atribuições, conforme a relação entre o deslocamento e o solo lindeiro, a saber:
-Vias
de uso local. Estas têm grande relação entre o deslocamento e o solo lindeiro,
de modo que o condutor está sujeito a fazer interrupções, e circular em
velocidade baixa, normalmente limitada a 20 km/hora. As vias locais são em
geral residenciais, ou de ambientes onde o número de utilizadores é restrito (Figura 2).
Figura 2: Via de uso local
-Vias
coletoras. Estas recebem o tráfego das vias locais, ou de outras coletoras que
lhe sejam tributárias. No caso da Figuras 3a tem-se o caso de coletora que recebe vias exclusivamente locais e na Figura 3b tem-se o caso de coletora que recebe vias coletoras de menor importância na hierarquia viária.
Figura 3a: Via coletora
Figura 3b: Via coletora
-Vias
arteriais. Estas conectam partes diferentes da cidade (Figuras 4). Considera-se que pode haver também restrições no fluxo em função da competitividade no deslocamento, da compatibilidade com os estacionamentos, e com possíveis lombo-faixas ou faixas de pedestres (Figura 5).
Figura 4: Via arterial
Figura 5: Lombo-faixa
-Vias
expressas. Estas são as vias com a menor relação com relação ao uso do solo
lindeiro, e que apresenta o maior uso da velocidade, também normalmente unindo partes
diferentes da cidade. As vias expressas fazem normalmente conexão com as vias
intermunicipais (Figura 6).
Figura 6: Via expressa
Além
destes tipos de vias, que são classificadas com base na relação entre o
deslocamento e o solo lindeiro, outros tipos de vias tem sido consideradas
importantes para viabilizar a mobilidade, como: (i) um sistema que permita o
acesso a partes diferentes da cidade, segregando alguns tipos de veículos que
seriam incompatíveis com a competitividade do tráfego comum, tais como os
veículos de carga, e induzindo-os diretamente aos distritos industriais; são os
anéis viários, (ii) os corredores exclusivos, utilizados para o tráfego de
ônibus; (iii) as ciclovias, de modo a se permitir o isolamento do ciclista com
relação aos riscos impostos pelo tráfego de veículos mais pesados.
Sistemas
básicos de pavimentação
De
um modo bastante simples, os sistemas de pavimentação são compostos por subleito, base, e camada de rolamento (Figura 7). Podem ainda apresentar, quando necessário, o reforço
de subleito e a sub-base (Figura 8).
Figura 7: Elementos do pavimento
Figura 8: Elementos do pavimento com reforço
A
camada do sub-leito consiste na camada de apoio a qual recebe esforços das
cargas transmitidas pelos eixos dos veículos, e as repassa e redistribui para o
solo. Se requer deste elemento as
seguintes propriedades: capacidade de
suporte para a absorção das cargas; baixa deformabilidade; e a não
desagregação.
Quando
nos casos de solos muito moles, ou excessivamente plásticos, pode se recorrer à
prática da utilização de materiais com fins de reforço, os quais podem atuar tanto
pela melhoria mecânica relativa ao material incorporado, no caso os materiais
granulares, como por processos químicos que resultem em cimentação e no aumento
da capacidade de resistência mecânica.
O
subleito é preparado por meio de ação mecânica, com o auxílio de rolos
compactadores, os quais são recomendados conforme a natureza do tipo do solo.
A
camada da base, por sua vez, serve para absorver e transmitir os esforços
mecânicos dos eixos para o subleito.
Esta
camada pode ser fabricada como uma peça monolítica, como no caso do concreto ou do
solo estabilizado, ou ainda como no caso da superposição de aplicações, sendo os casos dos
tratamentos superficiais triplos ou do tratamento superficial simples. No
primeiro caso é adicionada uma camada de brita seguida a uma aplicação de camada
de material betuminoso, considerando-se três aplicações sucessivas com
materiais de granulometria diferenciada; no caso do tratamento superficial
simples as aplicações se limitam a uma aplicação de material britado seguida de
outra de material betuminoso. Entre cada etapa por tipo de granulação, o rolo
compressor é aplicado.
O
tratamento superficial simples invertido consiste no tratamento superficial
simples de modo inverso com relação à ordem dos materiais.
No
caso de se utilizar do solo-brita para a fabricação da base, uma mistura
usinada é realizada pela reunião de um solo selecionado juntamente com a brita;
esta mistura é então lançada e compactada segundo os parâmetros de compactação
do solo+brita, seguindo-se da aplicação do revestimento. Existe também a base
de “brita graduada”, onde uma mescla é realizada com a utilização de britas de
diversas granulometrias, tendo, neste caso, o solo a função de aglomerar o
material e de preencher os vazios deixados pela brita.
No caso do solo-brita, as propriedades da mistura são ditadas pelas
propriedades do solo, e, no segundo caso, da brita graduada, pelas propriedades
da mescla de material britado.
Como
requisitos de desempenho para a base têm-se a capacidade de suporte, a
capacidade de resistência à fadiga; a deformabilidade compatível, a impermeabilidade
e a não desagregação.
Entre
a camada de subleito e a camada de base existe um elemento denominado por
imprimadura. Esta consiste na aplicação de um tipo de material betuminoso diluído,
de modo a se promover a impermeabilização do subleito, e ainda de melhorar a
aderência entre o solo e o material betuminoso.
A
camada de revestimento consiste em uma superfície onde o veículo vai
efetivamente trafegar, sendo também um selo protegendo o material de rolamento.
Como requisitos para esta camada pode-se citar o atrito mínimo, de modo a se
permitir tanto o movimento como a frenagem dos veículos. Os demais requisitos
de trafegabilidade, que serão ainda apresentados. Um aspecto que também é muito
importante para pavimentos urbanos é a aderência deste elemento à camada de
base.
Considerando os sistemas de pavimentação, um outro tipo de pavimentos é o dos pavimentos
articulados. Neste caso, o subleito é preparado como no caso anterior, e o
material da construção da base é assentado sobre um colchão de areia, o qual é
também utilizado tanto como superfície de apoio como forma de rejuntamento.
Além
da caracterização dos elementos e das funções desempenhadas pelos componentes
de sistemas de pavimento, deve-se atentar para algumas disposições
construtivas, como no caso do abaulamento do pavimento para drenagem, de modo
que as águas não fiquem estagnadas na pista, e se direcionem para os sistemas
de captação de drenagem.
Existem
ainda os possíveis elementos complementares que auxiliam o sistema viário tais como
os dispositivos de drenagem, a sinalização e os acessórios, e os taludes
adjacentes, paramentos e paisagismo.
Tratamento
primário sobre o leito viário
O
tratamento primário sobre o leito viário é o procedimento pelo qual as vias
urbanas ainda não pavimentadas são alvo de intervenções, tais como: o reforço
da camada de rolamento com o auxílio de materiais granulares (como o cascalho
ou a brita), processo denominado por “agulhamento”; ou ainda, com a adição de
produtos ou subprodutos ativos, quimicamente ou não, para fins de diminuir o
pó, reduzir a expansão de pavimento, e a plasticidade do solo.